Nesta quinta-feira (23), chegou aos cinemas brasileiros “A Meia-Irmã Feia”, novo terror que revisita a clássica fábula da Cinderela sob a ótica de uma de suas irmãs.
Inspirado na versão original dos Irmãos Grimm – marcada por mutilações, corvos vingativos e simbolismos sombrios –, o longa se apresenta como um body horror, subgênero que se concentra em violações gráficas e psicologicamente perturbadoras do corpo humano. A proposta do filme é usar o grotesco físico como espelho das pressões estéticas que moldam a autoimagem feminina até hoje.
Em entrevista recente para o portal Euronews, a diretora e roteirista, Emilie Blichfeldt (‘Sara’s Intimiate Confessions’), comentou sobre sua conexão com a história e o que a motivou a adaptar o conto por um novo prisma:
“A meia-irmã me escolheu! Quando eu redescobri esse conto, eu imediatamente me identifiquei com o momento em que ela é descoberta, logo após cortar os dedos dos pés, e é rejeitada pelo príncipe. Foi chocante para mim perceber que eu me via nela, porque senti a mesma vergonha, tristeza e sofrimento quando tentei me encaixar com os ideais de beleza impostos e falhei. Foi chocante para mim me identificar com uma personagem que antes eu desprezei. Há um tipo de ódio pessoal internalizado nisso. Porque, no fim das contas, todo mundo quer ser a Cinderela, certo?”
Blichfeldt também refletiu sobre a maneira como a sociedade trata a busca pela beleza e o quanto estamos dispostas a sacrificar por ela:
“Na vida real, a maioria de nós é como as meias-irmãs: fazemos loucuras para tentar nos transformar em Cinderelas. Mas nós nunca temos emparia por essas personagens, e isso sempre me intrigou. Sempre fui fascinada por mulheres que tem problemas com sua própria imagem, que estão sofrendo para se encaixar em sua feminilidade. Eu pensei comigo mesmo que eu tinha que fazer essa história exatamente para simpatizamos com a personagem com quem mais nos parecemos”.
“Cinderela” (1697), do francês Charles Perrault, narra a jornada da personagem-título, maltratada pela madrasta e suas filhas invejosas, até conquistar o príncipe no baile e se casar com ele ao calçar o famoso sapatinho de cristal. A nova versão, contudo, pretende subverter essa perspectiva original.
Contado pela ótica de Elvira, a trama acompanha a jovem lutando contra sua linda meia-irmã em um reino onde a beleza suprema reina. Determinada a cativar o príncipe, ela recorre a medidas extremas, em meio a uma competição implacável pela perfeição física.
O elenco é formado por Lea Myren, no papel de Elvira; Isac Calmroth, como Príncipe Julian; Thea Sofie Loch Næss, dando vida a Agnes/Cinderela e Ane Dahl Thorp, como a Madrasta Má.
Com 136 críticas cadastradas até o fechamento deste artigo, o longa marca 96% de aprovação no Rotten Tomatoes – site que agrega opiniões de diversos profissionais renomados –, e já garantiu o Certified Fresh, selo dado a produções avaliadas positivamente por uma quantidade significativa de especialistas.
“A Meia-Irmã Feia” fez sua estreia mundial em janeiro deste ano, no Festival de Cinema de Sundance, e já está em cartaz nos cinemas brasileiros – garanta seu ingresso por meio de nosso site ou app.
